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Para que não se esqueça ... Para que as minhas memórias não se percam para sempre e simplesmente porque me falta escrever um livro ....
Maria Clara, esta vai ser a capa do teu livro...
Um beijo grande do teu avô bigodes, mesmo não estando ao pé de ti no dia em que fazes 1 ano de vida. Foste uma vencedora.
Epílogo
Permito-me reproduzir aqui as palavras que José Gonçalez (poeta alentejano, radialista e fadista) canta num fado:
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Quando eu olhar para trás quero sentir
Que sempre fui capaz de permitir
Que aqueles que de mim quiseram bem
Tiveram o melhor que pude dar
Sabendo eu que recebi também
O melhor que tinham para me dar!
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Primeiro ano da minha neta
Maria Clara. Fazes hoje um ano. Sempre quis escrever as minhas memórias e recordações. Mas foi o teu nascimento, há um ano atrás, que me motivou a começar. Temi que não tivesse tempo para tas contar pessoalmente. Tinha que as deixar escritas. Hoje, passado um ano, dou por terminada esta aventura. Espero ainda ter tempo para brincarmos os dois. E contar-te mais histórias de que me for lembrando. Como aquela que agora me veio à memória.
Estávamos em Nampula e todas as sextas-feiras era dia de limpeza na oficina mecânica de que eu era o responsável. Os carros que estavam a reparar vinham para a rua. O chão era lavado. Procedia-se à limpeza geral.
A um canto da oficina existia a ferramentaria. Os mecânicos levantavam no início do dia as ferramentas necessárias e tinham que as entregar no final do dia. Naquela sexta-feira de limpeza o ferramenteiro procedia, em tronco nu, à lavagem, com gasolina, de todas as ferramentas. Sem que ninguém se apercebesse os vapores da gasolina foram-se espalhando pelo chão da oficina e chegaram a um maçarico que um mecânico operava num canto bem longe dali, para uma reparação urgente.
Deu-se a explosão. O ferramenteiro dizia depois que se viu todo envolto em chamas. Conseguiu abrir a porta. Tirou os calções que ainda ardiam. Nem um pelo se via no corpo dele. Veio a emergência. Foi evacuado para o hospital que até ficava perto. Queimaduras em todo o corpo. Evacuado para a capital (Lourenço Marques). Evacuado depois para Lisboa. Soubemos algum tempo mais que não resistira. E era de Proença-A-Nova, ali para os lados de Cardigos.
Meus filhos e minha neta. Era isto que vos queria deixar escrito. Façam destas palavras o uso que bem entenderem.